terça-feira, 27 de outubro de 2009

Batizado - Troca de Cordas




Aguardem !!!!!

9º batizado e troca de cordas da Cia da Capoeira

Sete Lagoas - Baldim - Jequitiba - Cachoeria da Prata - Funailandia

Santana de Pirapama

Em Funilândia



Roda do Grupo




segunda-feira, 18 de maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

Fotos de Santana de Pirapama


Aulas Ministradas pelo Contramestre
Paulinho Godoy

























"Grande Roda" 1º Encontro Setelagoano de Capoeira

Programação do evento

"Grande Roda"

1º Encontro Setelagono de Capoeira

Realização:

Cia da capoeira

Cais da Bahia

Oficina da Capoeira

Raizes de Minas

Camangola

Cia pernas Pro Ar

Apoio /secretaria de cultura e comunicação

Sexta Feira : 8 de maio de 09

Abertura com o grupo de mala bares

Telão onde será passado um video das academias

Aulão na praça de eventos da feirinha seguida de roda

Sábado: 9 de maio de 09

Anfiteatro do casarão

8H - aula interativa com todos os professores, contramestres e mestres convidados, esta aula é aberta a todos os interessados

10h - passeata do casarão até a orla da lagoa Paulino onde estaremos divulgando os 121 anos da abolição da escravatura, e a capmanha sobre a dengue, logo após reoda no cais da lagoa

Anfiteatro do Casarão

13h30min - apresentação das academias participantes

16h palestra sobre o resbate da capoeira em sete lagoas

encerramento - praça da feirinha roda com a participação de todas as academias participantes

Participação Especial dos Mestres.

Mestre Gato - Grupo Estilo Capoeira BH

Mestre Marzinho Capoeira - Grupo Brasil das Gerais - Ribeirão das Neves

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fotos de Baldim






Clique nas imagens para vê-las em tamanho maior

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Oficina de capoeira no Huracan

Neste Domingo, dia 19, teremos a "Manhã Esportiva Huracan"
com as oficinas de capoeira com a Cia da capoeira, aulão de natação e Malabares.
As atividades esportivas começaram às 9:00horas da manhã,
e terão fim ao Meio Dia. Fica o Convite, Pratique Esporte !!!

Fotos do Evento






quinta-feira, 16 de abril de 2009

Fotos Batizado

10 anos Cia da Capoeira

10 anos de Cia da Capoeira

Contramestre Paulinho Godoy. Por onde andei, e o que fiz

ü Em 1979 iniciei um treinamento de capoeira com um amigo João Torres Lima, o famoso Joãozinho do Canaan, que me levou no caminho da capoeiragem, no qual 2 anos mais tarde teve que interromper os treinos por motivos pessoais, sendo ele o meu primeiro professor

ü Iniciei formalmente na capoeira em agosto de 1987 na Associação Berimbau de Ouro com a direção do Mestre Marreta (Luiz Carlos Afonso) que na época já residia em Amsterdã Holanda, e quem ministrava as aulas era o professor Evandro.

ü Em 1990 o professor Evandro teve que deixar o trabalho, então formamos um grupo onde eu e mais seis alunos graduados pegamos a direção da Associação Berimbau de Ouro, sendo eles, Geraldo de Lélis, o Dim, Jorge, Eduardo vô, Nivio, Márcio Negrito, Celso, dando continuidade ao trabalho já existente em Sete Lagoas.

ü Em 1º e 2º de agosto de 1991, realizamos o 1º Encontro Mineiro de Capoeira de Sete Lagoas que contou com a participação de vários mestres e academias mineiras.

ü Em 1992 nos dias 3 e 4 de agosto realizamos o 2º Encontro Mineiro de Capoeira promovendo novamente com sucesso um grande movimento em prol da capoeira mineira.

ü Em 1997 nos dias 23 e 24 de agosto promovemos o 3º Encontro Mineiro de Capoeira

ü Em 26 de Setembro de 1997 lancei o Grupo Cia da Capoeira, onde colocaria em pratica o aprendizado que acumulei nesses 10 anos de treinamento na Associação Berimbau de Ouro

ü Realizei o 1º Batizado e troca de Cordas (não oficial) em dezembro de 1998 no Colégio Cenec Cei onde ministrei aulas durante o mesmo ano.

ü Em 2001 entra para a administração da academia o aluno Graduado Douwer Dutra.

ü Em 2001 realizamos oficialmente o 1º Batizado e Troca de Cordas dos nossos alunos com a participação dos mestre Tamanduá, Mestre Precata, mestrando Gato, professor Negrito, Graduado Balinha, Graduado Simpson, Graduado Agmar Paulo e seus respectivos alunos.

ü Após o ano de 2001 realizamos todos os anos um Batizado e Troca de cordas dos nossos alunos.

ü Em 2005 iniciamos um trabalho na cidade de Baldim através da vereadora Clélia no Centro Cultural, onde o Professor Douwer Dutra veio ministrar as aulas.

ü Em junho de 2006 realizamos o 6º Batizado e troca de Cordas da Cia da Capoeira e o 1º da Cidade de Baldim.

ü Em 2005 o Professor Douwer iniciou um trabalho no Projeto Federal PAIF, coordenado pela Secretaria de Justiça Social de Sete Lagoas, e em 2007 iniciou um trabalho também pelo PAIF na cidade de Jequitibá.

ü Realizamos no ano 2000 o 1º Bate Papo de capoeira realizado na Casa da Cultura com a participação dos Mestres Cavaliere, Mestre Mineiro, Mestre Gaio, Mestre Noventa, Mestre Boi, e da minha grande amiga Glória, que muito me incentivou e me ensinou no meu trabalho na capoeira.

ü Na área cultural desde 1991 ainda Berimbau de Ouro sempre realizamos apresentações em comemoração às datas Cívicas como 13 de maio (Abolição da escravatura), 22 de agosto (dia do folclore), 20 de novembro (dia da Consciência Negra).

ü Em 20 de novembro de 2003 e 2004 realizei em parceria com a Secretaria de Justiça Social, Naeca Bem Me Quer e a Prefeitura Municipal de Sete Lagoas uma passeata em comemoração ao dia Nacional da Consciência Negra.

ü Ministrei aulas de capoeira durante 8 anos no Programa Naeca Bem Me Quer para crianças carentes.

A Origem da Capoeira


“A Capoeira originou de uma saudade, de um esquecimento, de um desejo de liberdade e de alguns momentos de felicidade.”

A discussão é interminável, pesquisadores, folcloristas, historiadores e africanistas ainda buscam resposta para a seguinte questão: A capoeira í invenção africana ou brasileira? Teria sido uma criação de escravo com ânsia de liberdade ou um invenção do indígena?

Carece de precisão, relatos fidedignos sobre a origem da capoeira, seria mesmo incoerente afirmar que a capoeira nasceu aqui ou ali, as opiniões, como seria de se esperar, tendem para o lado brasileira.

Alguns especulam sobre as raízes, africanas – dizem ser a capoeira originaria da DANÇA DAS ZEBRAS, cerimônia praticada nas tribos primitivas do continente africano. Como dança não possuía nada de luta, ofensiva e defensiva. Apenas festividades, ludicidade e folguedo era o significado do cerimonial ritualizado no qual se inscrevia.

Num trabalho publicado pela xerox do Brasil, o professor austríaco GERHARD KUCIK, antropólogo e membro da associação mundial do folclore e também profundo conhecedor de assuntos africanos, diz estranhar “que o brasileiro CHAME CAPOEIRA DE ANGOLA, quando ali não existe nada semelhante”.

Alguns historiadores atribuem aos negros de angola a criação da capoeira, daí o termo CAPOEIRA ANGOLA, porém, não existe nenhum documento que prove tal fato. A única relação é que os negros de angola eram criativos, insolentes férteis em recursos e manhas. Como o nome surgiu não se sabe, pois as canções, toques e golpes falam em Luanda, angola, Moçambique, Benguela e etc....

É certo que, se não totalmente, pelo menos em grande parte , a nossa capoeira se deve ao continente africano, pois ainda hoje, as praticas cerimoniais nas tribos de lá assemelham-se a nossa capoeira. mais do que isto, deve-se aos negros – quando escravos ou não – a subsistência, pratica e difusão da capoeira.

MAMUR BA, percussionista, dançarino e pesquisador senegalês, cita a luta MIBEURE de sua terra natal, como sendo a forma mais antiga de cultura da África, anterior a própria dança, e acredita que a capoeira tenha se originado dali, José Leão Campo Júnior, professor de Moçambique, angola, comprar a dança de nome ZAMBRESSE também de sua terra, com a capoeira brasileira e encontra incrível semelhança seja na movimentação, seja nos ritmos empregados. Mas, não existem dados concretos sobre a existência da capoeira na África, mesmo se os tivéssemos, alguns escravos africanos, depois de livres, retornaram a terra natal e levaram consigo muita coisa do Brasil criada aqui ou assimilada de índios, portugueses criada pôr africanos no Brasil e desenvolvida pelos seu descendentes já brasileiros.

Os relatos históricos do Brasil – colônia a respeito da capoeiras são bastante escassos. Isto se justifica devido a ausência de documentos escritos da época: o índio brasileiro não conhecia a civilização e por isso não dominava a linguagem escrita, o que também ocorria com o negro-vindo de outro continente, de tribos primitivas, também tinha como base em sua comunicação a linguagem oral, o europeu colonizador, por sua vez, único elemento ético capacitado para redigir sobre os acontecimentos da nova colônia, deu pouca importância a elaboração de documentos históricos e raros são os textos sobre os costumes e atitudes dos habitantes da terra brasileira. E ainda, o pouco que se documentou foi mandado queimar (a 15 de Dezembro de 1890) pelo conselheiro Rui Barbosa, então ministro da fazenda do governo do General Deodoro da Fonseca, com a intenção de com isto apagar a mancha da escravidão do país. Rugendas e Debret, conhecidos artistas, em viagens pelo Brasil no período da escravidão, documentaram em pranchas ilustrativas os costumes e acontecimentos da época, principalmente a vida dos negros escravos que consideravam ser bastante pitorescos. É bastante conhecido e divulgado o desenho do jogo de capoeira criado por Rugendas.

O Índio brasileiro não se adaptava as condições do cativeiro impostas pelos portugueses colonizadores, e sua mão de obra passou então a ser utilizada na pecuária, onde ele levava uma vida mais livre, sendo nativo das terras brasileira era grande conhecedor da região e isto permitia a ele fornecer ao colono informações sobre os locais ideais para a prática da pecuária, além, de ajudar no extrativismo vegetal. O índio se adaptou melhor as condições de um escravo-vaqueiro. Foi sobre o negro que recaiu então toda a base da mão de obra pesada da nova colônia. Eram capturados em suas tribos na África e trazidos para a colônia lusa. Vinham em navios negreiros sob condições de transporte e vida subumanas. Chegados no Brasil, eram os negros comercializados com os senhores de engenho que utilizavam-nos nas mais árduas tarefas. Geralmente iam para a lavoura canavieira e executavam todo o tipo de mão de obra necessária manutenção de uma propriedade rural, além de sem a energia propulsora dos engenhos de açúcar.

Foi a senzala o palco-mor donde os negros vieram a se reunir para dar vazão aos rituais da terra de origem. Subnutridos e submetidos ao maltrato. Os negros escravos, nos intervalos de usas árduas tarefas, se entregaram ardorosamente aos cultos religiosos e danças litúrgicas exaltando o sentimento de liberdade, e, no laboratório primitivo da natureza, os simples gestos da dança se transformavam em movimentos de ataque e defesa diante dos olhos de seus opressores, que apenas observavam, pois dança de escravo não merecia maior atenção, enquanto dançavam, os escravos se adestravam na arte da simulada luta utilizando somente das armas que o próprio corpo podia lhe oferecer: pernas, braços e cabeça.

Iniciaram as fugas em massa dos escravos (algumas fontes citam como sendo após a invasão holandesa), formação de quilombos, e apesar de estarem inicialmente desarmados surpreendiam os capitães do mato, captores de escravos foragidos, com movimentos rápidos e inesperados, terminando pôr abater ou colocar em fuga estes captores. Nos quilombos, a capoeira se desenvolveu mais como luta, mas já existia e era praticada nas horas de folga com divertimento e treinamento, acompanhada ai pôr instrumentos e planteis que incentivavam a dupla de praticantes.

O vocábulo Capoeira

O vocábulo CAPOEIRA foi apresentado e registrado pela primeira vez em 1712 e a seguir em 1813 em obras de Rafael Bluteau e Morais respectivamente, após isto caiu no terreno da polêmica etimológica. A primeira proposição que se tem noticia é de 1865, na primeira edição de “IRACEMA” de José de Alencar e repetida em 1870 em “ O GAÚCHO também do mesmo autor, José de Alencar propôs para o vocábulo capoeira o Tupi cas-spuesera, traduzido por ilha de mato já cortado, a partir daí surgiram novas polêmicas entre diversos autores e etimólogos. As formas ortografias foram variadissimas até que se chegasse finalmente a ortografia atual do vocábulo CAPOEIRA. e paralelamente a estas discussões quanto a ortografia e origem surgiram os mais vaiados significados quanto a palavra.

Desses significados, três foram escolhidos por serem ainda os mais discutidos e que serão apresentados a seguir.

Existe no Brasil um ave chamada capoeira (ODONTOPHORUS CAPUEIRA, SPIR) que além de ser encontrada no Paraguai se acha espalhada por quase todo o Brasil, também chamada URU, trata-se de uma pequena perdiz de vôo rasteiro, de pés curtos , corpo cheiro, listrado de amarelo escuro, cauda curta, vive no chão, habita em todas as matas e anda sempre em bandos. Tem um canto singular que parece mais um assobio tremulo do que um canto modulado. É caça bastante procurada e que domestica com facilidade, relativo a esta pequena ave, existem duas ligações com capoeira e sua origem, Macedo Soares informa que o canto da capoeira era utilizado através de assobio, pelos caçadores no mato com chama, e os moleques vigiadores ou pastores de gado para chamarem uns aos outros e também ao gado. Dessa forma o moleque que assim procedia era chamado capoeira. Antenor Nascentes ao explicar como o jogo da capoeira se liga a ave, nos informa que o macho da capoeira ú muito ciumento e por isso trava lutas tremendas com o rival que tenta entrar nos seus domínio. Partindo daí Nascentes explica que “naturalmente os pássaros de destreza desta luta, as negações, foram comparadas com os destes homens que na sua luta simulada para divertimento, lançavam mão apenas da agilidade.”

A Segunda informação sobre a palavra capoeira, tem como base a espécie de cesto em que se colocam galinhas, denominado capoeira, enquanto os escravos, que transportavam os capoeiras de galinha, esperavam abrir o mercado, divertiam-se com brincadeiras de agilidade e destreza. Por uma metonímia RES PRO PERSONA o nome do objeto passou com ele relacionada.

A outra informação vem diretamente ligada ao próprio escravo. O escravo era exercitado numa espécie de dança na qual usava movimentos atléticos simulando golpes de uma luta. Durante a noite, os escravos mais exercitados conseguiam se refugiar e se escondiam nas matas virgens mais próximas das senzalas. Ao amanhecer, os capitães de mato saiam es busca dos escravos. Fugidos e eram surpreendidos pelos escravos rebeldes que saiam para a capoeira, mata que sucede a mata virgem que foi roçada, onde se travavam lutas corpo a corpo nas quais os brancos captores se viam indefesos perante aquela nova forma de luta.

O berimbau

O berimbau é um instrumento monocórdio de percussão que é executado nos cinco continentes. Se faz presente no Egito e demais países da África. Na Polinésia, lá nos confins da Oceania, nos países europeus e nas América. na Índia figura com instrumento sagrado dos birmânicos e búdicos.

O berimbau e considerado pêlos estudiosos como o pai da harpa, do piano, da lira, da cítara, viola, violão, violino, violoncelo, balalaica, bandolim, cavaquinho, guitarra e banjo. O berimbau foi aperfeiçoado há quatro mil anos no Egito. Aliás, os pesquisadores nunca conseguiram demonstrar cabalmente sua origem, nem sua idade milenar.

O berimbau foi trazido para o Brasil pelos portugueses, contudo foram os filho das África, que vieram como escravos, seus melhores executores, talvez, pela identidade de serem ambos primitivos.

O berimbau consiste de um arco formado por uma vara flexível, presa nas extremidades por um fio metálico. Esta corda descreve uma curva onde é presa uma meia cabaça por um cordão, servindo de caixa sonora que produz a modulação do som emitido pela percussão da vareta na corda e do movimento de aproximação da cabaça a barriga do músico.

O tocador segura o instrumento com a mão esquerda, juntamente com a moeda que fere o fio de aço depois de percutido. Com a mão direita segura o caxixi e a vareta. O berimbau é peça indispensável para o jogo de capoeira. capoeira sem berimbau é luta, com berimbau é jogo, é vadiação. Não há capoeira sem berimbau que é acompanhado por uma banda própria, composto de maracá, pandeiro, reco-reco e atabaque. Diga-se de passagem que a capoeira é a única luta das artes marciais que é acompanhada por orquestra musical e cânticos... No berimbau são executados as sete linhas do candomblé adaptadas à capoeira > São Bento Brande e São Bento Pequeno, variando apenas o ritmo. O primeiro para jogo ligeiro, o segundo mais vagaroso é o samba da capoeira. Benguela ou Banguela é tocado para o jogo chamado de dentro. Santa Maria marca o jogo lento. Ave Maria é considerada o hino da capoeira. Amazonas e tocado para o jogo de ritmo médio. Iúna mandingueira é o toque dos mestres. Cavalaria servia para avisar da aproximação de estranhos, pois a capoeira era terminantemente proibida. O escravo na sua argúcia usava estranhos, pois a capoeira era terminantemente proibida. O escravo na sua argúcia usava um ardil que era deixar sempre um companheiro trepado em uma árvore alta para melhor descobrir a aproximação de alguém não afeito à roda. Uma vez avisados por um assobio imitando um pássaro, o toque qualquer que fosse era mudado para a cavalaria, e todos passavam a dançar um samba de roda.

O toque do berimbau acompanha a ladainha própria para cada modalidade de jogo. Santa Maria conta a estória do negro escravo que a despeito de Não possui nada de seu, como todo namorado, para assegurar a conquista, prometia presentes à amada:

Toques de Berimbau

O MESTRE MOR DE UMA RODA DE CAPOEIRA É O BERIMBAU, e o estilo do jogo praticado deve ser comandado pelo ritmo do berimbau, sendo estabelecido assim a primeira regra de uma roda de capoeira quem manda é o berimbau. Como não podia de ser, na capoeira existe uma total desarmonia entre toques e estilos de jogo, verificando-se apenas algumas coincidências na nomenclatura, o que já é um bom ponto de partida para uma possível definição de toques e estilos de jogo.

Essa miscelânea de toques, assim como a nomenclatura variadissima de movimento da capoeira deve-se ao preconceito existente de que quanto mais toques e golpes, mais importante o mestre, e em uma pesquisa de campo realizada em 1975, em salvador, foi constatado que a diferença entre um toque e outro significava as vezes uma simples variação do mesmo toque sendo que o estilo do jogo inclusive era o mesmo.

Para efeito de simplificação vamos considerar o toque de berimbau com sendo aquele conjunto de sons representando uma linha melódica que induzem a um determinado estilo de jogo (alto, baixo, duro, acrobático, etc...) e chamaremos de ritmo de berimbau, qualquer tipo de variação ou criação artística de cunho pessoal, ou desenvolvido por outro pessoal.

Tomemos por exemplo, a listagem de ritmos utilizada por quatro conhecidos mestres e verificamos a diferença de toques favorecendo como se vê ao

mestre gato por ser um exímio tocador de berimbau, vencedor do concurso berimbau de ouro da Bahia . na listagem seguinte vemos diferenças entre a

nomenclatura dos toques e o estilo de jogo desenvolvido e no final apresentamos os toques e respectivos estilos que tem sido usados desde 1976 e não são

A música na capoeira

nada mais nada menos que um denominador comum das pesquisas realizadas em salvador. Rio de janeiro e São Paulo.

A música e o canto na capoeira aliada ao seu ritmo representam o maior diferencial quando comparada com outras atividades físicas, culturais, esportivas e artísticas. A maior parte deste legado chegou até nos pôr meios folclóricos, isto é, por transmissão oral, estabelecendo mais uma sabedoria popular com valor inestimável e acessível a qualquer um.

Em uma roda de Capoeira temos:

- LADAINHA, REZA OU HINO DA CAPOEIRA: Relata histórias do jogo, dos capoeiras ou da própria vida.

- CANTO DE ENTRADA: Geralmente acompanha a ladainha e a chula, onde o coro repete a ultima frase acrescida da palavra “CAMRA” OU “CAMARADA”

- CHULA OU QUADRAS: Cantos diversos criados ou lembrados pelo cantor com linha métrica definida e após chamada do cantor o coro prossegue com um determinado refrão sempre repetido pêlos outros.

LADAINHA: Eu mandei um recado lá pro céu

Eu mandei um recado lá pro céu

Pedindo a nosso senhor

Que olhasse ao chegar

Que recebesse com glória

Nosso mestre Waldemar

A roda deve estar pronta

Para quando ele chegar

Dê-lhe um berimbau roseira

E pro favor deixe tocar

Diga lá menino velho

Como lá na pêro vaz

Da Bahia de autrora

Do seu tempo de rapaz

Lá se foi Pastinha e Bimba

E Besouro macangá

Deus achou que era hora

De levar seu Waldemar

Atenção Capoeirista

Não é hora de chorar

Feche os olhos e imagine

A roda vai começar

Iê viva meu deus

CANTO DE ENTRADA: Iê , viva Pastinha

Iê , viva Pastinha, camará

Ie, viva meu mestre

Iê, viva meu mestre, camará

Iê , volta do mundo

Iê , volta do mundo, camará

CHULA: Vai Ter reza lá na feira

Vai Ter reza lá na feira

Padre nosso, ave Maria

E roda de capoeira na barraca da Maria

Muita benção, rabo de arraia

Nego joga pra mata

Capoeira,

É jogo praticado na terra de são Salvador

Capoeira,

É jogo praticado na terra de São Salvador

O brabo daqui sou eu

Faço chove, faço venta

Quando chega meia noite

Eu faço o tempo para

Capoeira

É jogo praticado na terra de São Salvador

É jogo praticado na terra de São Salvador

CORRIDO : Paraná , ê

Parará , ê, Paraná

Paraná , ê,

Paraná , ê, Paraná

Vou-me embora, vou-me embora

Como já disse que vou, Paraná

........

A diversidade da música na roda

O canto se faz presente no jogo da capoeira desde o momento em que forma a roda. Cada canto em determinados toques, melódico do berimbau é que produz um condicionamento a expressão de cada estilo de jogo. A medida que o jogo se desenvolve, o canto acompanha as situações que acontecem na roda.No ritmo angola o toque é lento, o canto inicial é uma LADAINHA onde o capoeira conta uma história sobre seu mestre, outros mestres e fatos marcantes da capoeira No ritmo de SÃO BENTO PEQUENO inverte-se a batida do toque de angola. O canto é uma “QUADRA” ou “CHULA” que conta fatos e estórias de pessoas do mundo. É aqui que o capoeira introduz em sua movimentação técnicas de defesa e ataque recém-aprendidas e dentro de um toque que vai-se acelerando faz-se um jogo muito perto da violência, embora o capoeira busque não competir com o adversário. No ritmo de SÃO BENTO GRANDE os cantos são os denominados “CORRIDOS” que geram muita agilidade jogo. O som produzido faz a luta transparecer pois o capoeira coloca maior objetividade defensiva nos movimentos fazendo o adversário executar a fuga com a rapidez necessária.

A roda de Capoeira

Em forma de um circulo fechado os capoeiras se posicionam deixando no ponto principal da roda o berimbau ladeado pelos outros instrumentos que o acompanham, como o pandeiro, caxixi, atabaque, agogô.

A roda inicia-se geralmente com um toque de ANGOLA E LADAINHA cantada pelo mestre ou um capoeira veterano. Nesse momento dois capoeiras se agacham ao pé do berimbau benzendo-se com o sinal da crua.

Terminando o canto, eles tocam as duas mãos espalmadas num cumprimento e entram na roda , sem se tocarem, com movimentos indeterminados, tradicionalmente o Au.

Executando movimentos com a perna base flexionada e mãos próximas ao chão, os capoeiras fazem uma exibição de perícia e destreza onde os movimentos defensivos são feitos com enorme variedade de esquiva, fitas e negações e os contra-ataques aplicados de forma artística desorientando o adversário para se surpresa leva-lo ao chão.

Na roda, o capoeira tem que ser um artista completo. Quando não estiver jogando, tocando ou cantando ele deve estar participando do coro, acompanhando o ritmo com palmas e de “prontidão” para que de sua parte a roda seja um grande show.

COMPARA O JOGO: Com exceção do mestre, todo capoeira deve primeiramente observar a graduação dos que estão jogando e em seguida o tipo de jogo para entrar na roda corretamente.

Só se compra o jogo de quem tem graduação igual ou inferior a sua.

A criança na capoeira

A capoeira infantil deve ser usada como processo educativo do indivíduo. Através dela conseguimos fazer com que a criança perceba e identifique partes do seu corpo, auxiliando-a se colocar no espaço em que vive diante de se própria e das outras pessoas.Desenvolve sua lateralidade sendo capaz de definir o que é direito ou esquerdo, o que esta a frente ou atrás, no alto ou em baixo, e o que ainda é melhor, e capaz de executar movimentos com os dois lados do corpo.

Desenvolve o equilíbrio dinâmico e estático.

Desenvolve a coordenação motora dentro dos seus padrões de amadurecimento motor e psicológico.

Desenvolve a agilidade, flexibilidade, a rapidez de raciocínio, a malícia (bom sentido).

Desenvolve o ritmo tanto corporal quanto musical amplia seus conhecimentos culturais e intelectuais, desenvolve o companheirismo e o respeito do próximo.

O trabalho da capoeira infantil deve ser de forma gradativa, respeitando-se a idade de cada um, seu amadurecimento motor, e principalmente o psicológico. Sua ambientação no meio em que vive, seu relacionamento familiar, social e afetivo, são fatores de suma importância para o aprendizado de uma criança. Muitas vezes estes fatores são mais importantes do que uma simples execução de movimentos. Existem crianças com capacidades motoras excelentes porém são bloqueados os movimentos por motivos afetivos. Por exemplo, uma criança muito tímida ou que se sente rejeitada, provavelmente terá maior dificuldade de visualizar e realizar um determinado movimento(ou não). É através de “experiências” motoras que aprendemos.

A capoeira nos permite isso, um trabalho feito com grau de liberdade muito grande onde permite a criança no momentos do jogo executar os movimentos que para ela lhe são mais fáceis e familiares, levando a se soltar e enfrentar as dificuldades que lhes são mostradas a cada momento do jogo.

A capoeira educa através do movimentos, do ritmos, da musica, da sua historia e dos problemas e barreiras que são colocados a todos os instantes, obrigando a quem os pratica resolve-las e se safar da melhor maneira possível. A capoeira ensina a viver melhor.

Os métodos de avaliação deverão ser menos rígidos e proporcionais as capacidades e situações das crianças .

Cuidado com a graduação, para que a criança não se desenvolva além do necessário e o permitido dentro de sua faixa etária, dando-lhe responsabilidade além da sua capacidade.

A mulher na capoeira

A importância da mulher na capoeira deve ser encarada dentro de uma discussão mais ampla que é a emancipação da mulher como um todo onde uma das conquistas mais importantes é o prazer e a liberdade de fazer o que ela sente , seja capoeira ou ballet.

A idéia muitas vezes já pré-concebida da capoeira enquanto luta que pressupõe força física e implica em violência e por isto pertence ao homem, descer desminstificada. Longe de se resumir em luta ou força a capoeira abra espaços diversos para a expressão e criatividade.

Desta forma, penso que a mulher na capoeira reflete a descoberta de uma nova concessão da capoeira, onde a luta não é priorizada, mas o todo que compreende beleza, dança, musica, poesia, etc....

Pastinha, mestre da cultura popular .

Símbolo da cultura popular brasileira, Vicente Ferreira Pastinha foi o mais célebre mestre de capoeira guerreiro incansável pela valorização da “mais bela de todas as lutas”. Tinha 8 anos quando conheceu o “gingado” com um africano que chamava Tio Benedito. Ao ver o menino franzino e pequeno apanhar de um garoto mais velho, o angolano resolveu ensinar-lhe os movimentos da capoeira. durante três anos, Pastinha passou tardes inteiras em um velho sobrado da rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia-lua, cabeçada, rasteira, rabo-de-arraia e outros. Ali, ele aprendeu a jogar com a vida e a ser um vencedor.

Nasceu em 5 de abril de 1889, em Salvador. Seu pai, o espanhol José Sinó Pastinha, era proprietário de um pequeno armazém, no centro Histórico da capital baiana. Teve pouco contato com a mãe, Maria Eugênia, uma negra natural de Santo Amaro da Purificação, interior da Bahia. Viveu uma infância modesta e feliz. Durante as manhãs, freqüentava as aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde aprendeu também pintura. À tarde, empinava pipa e jogava capoeira. Aos 13 anos, era o “moleque” mais respeitado e temido do bairro. “Para ver se tomava jeito”, seu pai o matriculou na Escola de Aprendizes Marinheiros. Conheceu os segredos dos homens do mar e ensinou aos colegas a manha da capoeira .

Aos 21 anos, deixou a Marinha e voltou ao Centro Histórico para exercer o ofício de pintor. Suas horas de folga dedicava à capoeira com os amigos. “Capoeira só se joga com gente amiga”, dizia o mestre. Mas treinava às escondidas, porque no inicio do século a luta era crime previsto pelo Código Penal da República. Quem fosse apanhado fazendo demonstrações poderia pegar até seis meses de prisão.

Primeiro discípulo.

Em 1912, Pastinha conheceu Raimundo Aberrê, seu primeiro discípulo, que mais tarde se tornaria um dos maiores capoeiristas (ou capoeira) da Bahia. Somente em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo Capoeira Angola (Ceca), no casarão de número 19 de Largo do Pelourinho – quatro anos depois da promulgação do decreto que descriminalizou a capoeira. Por ali passaram nomes como João Oliveira dos Santos (João Grande), João Pereira dos Santos (João Pequeno), Gildo Lemos Couto (Gildo Alfinete), Gabriel Góes (Mestre Gato), ÁpioPatrocínio Conceição (Camafeu de Oxossi), que se tornaram mestres de capoeira angola e foram reconhecidos internacionalmente.

As rodas de capoeira do Ceca eram concorridas. Mestre Pastinha era amigo de Carybé e Jorge Amado, que freqüentemente convidavam artistas e intelectuais para vê-lo jogar. Na década de 60, o casarão do Largo do Pêlo recebeu visitantes ilustres, como o filósofo Jean-Paul Belmondo. Aos domingos, turistas estrangeiros lotavam a academia para ouvir a música do berimbau, dos atabaques e apreciar os movimentos precisos dos capoeiristas. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Pastinha. Seus alunos sempre jogavam vestindo uniforme amarelo e preto, cores do Ypiranga, time do coração do mestre.

No dia 1º de abril de 1966 Pastinha chegou a Dacar, no Senegal, para representar o Brasil no Iº Festival Mundial de Arte Negra. Cerca de 20 mil pessoas lotaram o Teatro Daniel Sorano para assistir, pela primeira vez, a uma apresentação de capoeira angola. O público gostou tanto que os capoeiristas tiveram de improvisar um show extra. Artistas com Elizeth Cardoso e Ataulfo Alves também participaram da festa.

Mestre Pastinha utilizava todos os seus talentos para valorizar a capoeira. fazia versos e chegou a escreve r um livro, Capoeira Angola, publicado em 1964 pela Gráfica loreto. Para o mestre, nenhuma outra forma de luta seria capaz de estimular tanta resistência e agilidade de movimentos. Ele afirmava que faz bem, ao coração e aos pulmões e pode ser aprendida em qualquer idade. E criou um código de ética no qual condenava a violência. “Quando dois camaradas estão se exibindo, é uma demonstração, sem rivalidade, pois o público não quer ver sangue, e sim evoluções.” Para ele, o capoeira deve ser “calmo, tranqüilo e calculista”.

A origem da capoeira gera controvérsias entre mestre e estudiosos. Em seu livro, Pastinha afirma que ela foi inventada na África, provavelmente em Angola, e chegou ao Brasil nos navios negreiros. Aqui, foi aperfeiçoada e sofreu muitas modificações. O etnógrafo baiano Waldeloir Rêgo, autor de Ensaio Sócio-Etnográfico Sobre a Capoeira de Angola, acredita que a luta seja “uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes. Na época da escravidão, os negros teriam aperfeiçoado o “n’golo”(dança da zebra), inventado em Angola, dando maior agilidade aos movimentos e transformando o folguedo em jogo de ataque e defesa.

Pobre e Esquecido.

Debilitado fisicamente, aos 84 anos, deixou a antiga sede da academia para morar num quarto de um velho sobrado no Pelourinho, com a Segunda mulher, que era “baiana de acarajé”. Vinha dela a única renda que o mestre tinha na época.

No dia 12 de abril de 1981, Pastinha participou do último jogo. Dessa vez com a própria morte. Ele que tantas vezes jogou com a vida e saiu vitorioso acabou derrotado pela doença e pela miséria. Morreu cego e paralítico aos 92 anos, no Abrigo Do0m Pedro II, EM Salvador. O homem que passou a vida inteira lutando pela valorização da única luta genuinamente brasileira tomou a maior rasteira fora das rodas de capoeira: foi despejado do casarão de número 19, do largo do Pelourinho.

Para ele, apesar do esquecimento, o esforço tinha valido a pena. “A capoeira cresceu correu muita terra.” Graças ao seu trabalho e ao de outros mestres, a capoeira hoje é reconhecida como esporte nacional e ganhou adeptos em 48 países.

Capoeira Regional

A capoeira Regional é uma manifestação da cultura baiana, que foi criada em 1928 por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba). Ele utilizou os seus conhecimentos da Capoeira Angola e do Batuque.

A capoeira Angola é uma manifestação primitiva que nasceu da necessidade de libertação de um povo escravizado, oprimido, sofrido e revoltado. Podemos considera-la a mãe da Capoeira Regional. O Batuque, é uma luta braba, violenta, onde o objetivo era jogar o adversário no chão usando apenas as pernas.

Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado) filho de Luís Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim, nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador – Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua mãe fizera com a parteira que o “aparou”. Ao contrário do que dona Martinha achava, a parteira disse que se nascesse menino, receberia o apelido de “Bimba” por se tratar, na Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino.

Começou a praticar Capoeira aos 12 anos de idade na estrada das boiadas, hoje o bairro negro da liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação baiana. Foi estivador durante 14 anos e começou a ensinar capoeira aos 18 anos de idade no bairro onde nasceu no “Clube União em Apuros”. Até 1918 não existiam esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato. Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido aos fatos de os movimentos serem extremamente disfarçados, mestre Bimba resolver desenvolver um estilo de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo “Batuque” (luta na qual seu pais era um grande lutador – considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade, introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz.

Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou “Capoeira Regional Baiana” por ser está praticada única exclusivamente em Salvador.

A partir da década de 30, com a implantação do estado novo, o Brasil atravessou uma fase de grandes transformações políticas e culturais, onde as idéias nacionalistas e de modernização ficaram em evidência. Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.

Em 1936 fez a primeira apresentação do seu trabalho e no ano seguinte (ai convidado pelo governador da Bahia, o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no Palácio do Governador onde estavam presentes autoridades e convidados.

Dessa forma a capoeira foi reconhecida como “esporte nacional” e Mestre Bimba foi reconhecido pela Secretaria Ed.Ass.Pública do Estado da Bahia como professor de educação física e sua academia foi a primeira no Brasil reconhecida por lei.

Formas de ensinamentos por MESTRE BIMBA, divido por etapas

Exame de admissão / Seqüência de Ensino de mestre Bimba / Seqüência da Cintura Desprezada / Batizado / Esquenta Banho / Formatura / Iúna / Curso de Especialização / Músicas

1 – Exame de Admissão: consistia de três exercícios básicos, cocorinha, queda de rins e deslocamento (ponte), com a finalidade de verificar a flexibilidade, força e equilíbrio do iniciante. Em seguida a aula de coordenação onde o aluno aprendia a gingar auxiliado pelo Mestre Bimba. Para ensinar a ginga, Mestre Bimba convidava o aluno para o centro da sala e frente a frente pegava-o pelas mãos e ensinava primeiramente os movimentos das pernas e a colocação exata dos pés, e em seguida realizava o movimento completo em coordenação com os braços. Este momento era importantíssimo para o iniciante pois lhe transmitia coragem e segurança. Acordeon Ex-aluno do Mestre poeticamente diz” ... ELE ERA FORTE NA ALMA TINHA UMA FACA NO OLHAR QUE CORTAVA A GENTE DE CIMA A BAIXO QUANDO ESTAVA A ENSINAR...”.

2 – Seqüência de Ensino de Mestre Bimba: O Mestre criou o primeiro método de ensino da capoeira, que consta de uma seqüência lógica de movimentos de ataque, defesa e contra-ataque, podendo ser ministrada para os iniciantes na forma simplificada, o que permite que os alunos aprendiam jogando com uma forte motivação e segurança. Jair Moura, Ex-aluno explica” esta seqüência e uma série de exercícios físicos completos e organizados em um número de lições práticas e eficientes, a fim de que o principiante em Capoeira, dentro de um menor espaço de tempo possível, se convença do valor da luta, como um sistema de ataque e defesa”. A seqüência original completa de ensino é formada com 17 golpes, onde cada aluno executa 154 movimentos e a dupla 308, o que desenvolve sobremaneira o condicionamento físico e a habilidade motora especifica dos praticantes.

Os golpes integrantes da seqüência são:

Armada

Arrastão

Bênção

Cocorinha

Cabeçada

Godeme

Galopante

Giro

Joelhada

Martelo

Meia lua de compasso

Queixada

Negativa

Palma

Meia Lua de Frente

Rolê

3 – Cintura desprezada é uma seqüência de golpes e balões, também conhecidos como Movimentos de Projeção da Capoeira, onde o Capoeirista projeta o companheiro, que deverá cair em pé ou agachado jamais sentado. Tem o objetivo de desenvolver a autoconfiança, o senso de cooperação, responsabilidade, agilidade e destreza.

Os Golpes que fazem parte desta seqüência são:

Cintura desprezada

Balão de lado

Tesoura de Costas

Balão Cinturado

Apanhada

Gravata alta

4 – Batizado é um momento de grande significado para o aluno, depois de Ter aprendido toda a seqüência, encontra-se apto para jogar pela primeira vez na roda. Itapoan, Ex-aluno retrata o Batizado da seguinte maneira: “O Batizado consistia em colocar em cada calouro um “Nome de Guerra”. O tipo físico, o bairro onde morava, a profissão, o modo de se vestir, atitudes, um Dom artístico qualquer, serviam de subsídios para o apelido”. Fred Abreu referindo-se ao batizado, cita que na intimidade da Academia de Mestre Bimba ele assim se dizia “Você hoje vai entrar no aço” Desta maneira o Mestre avisava ao calouro que chegou a hora do seu batizado, era um momento de grande emoção, pois tratava-se de jogar capoeira pela primeira vez na roda animada pelo berimbau. Para este jogo era escolhido um formado ou um aluno mais velho da Academia que estivesse na aula, que como padrinho incentivava ao afilhado a jogar (soltar o jogo), e após o jogo o Mestre no centro da roda levantava a mão do aluno e então era dado um apelido “Nome de Guerra” com o qual passaria a ser conhecido na capoeira.

5 – Esquenta Banho – Segundo Itapoan o “esquenta banho” originou-se da necessidade dos alunos de se manterem aquecidos “esquentados”... .Logo após o termino da aula todos os praticantes corriam para o banheiro afim de tomarem um chuverada , no entanto o banheiro da academia era pequeno com um só chuveiro com água fria, o que proporcionava um congestionamento e a inevitável fila. Para não esfriar o corpo, os alunos mais velhos, normalmente os formados tomavam a iniciativa e começava o “Esquenta Banho”.

Este era um momento fértil da aula, pois se tratava do espaço do aluno, também chamado de “Bumba Meu Boi” ou “Arranca Rabo” devido aos freqüentes desafio para o acerto de contas, como exemplo, descontar um golpe tomado durante a roda. Muitos formados aproveitavam para testar suas capacidades desafiando dois, três, ou mais adversários. Também era muito comum o utilizar esse momento para o treinamento de golpes difíceis e sofisticados como: vingativa, rasteira, banda de costa e etc.

6 – Formatura – A formatura era um dia todo especial para o Mestre e seu alunos, um ritual com direito a paraninfo, orador, e madrinha, lenço de seda azul e medalha. A festa era realizada no Sítio Caruano no Nordeste de Amaralina na presença dos convidados e de toda a academia. Os formando vestidos todo de branco, usando basqueteira, atendiam o chamado do mestre Bimba que solicitava a demonstração de golpes, seguencia, cintura desprezada, jogo de esquete (jogo combinado), em seguida a prova de fogo, o jogo com os formados, também chamado de “Tira Medalha”, um verdadeiro desafio, onde os alunos formados antigos tentavam tirar a medalha dos formandos com o pé, e assim manchar a dignidade e roupa impecavelmente branca. Itapoan descreve com muita propriedade, “O objetivo do formado antigo era tirar com um golpe aplicado com o pé, a Medalha do peito do formando, caso isso acontecesse, o aluno deixava da formar, o que era um vexame!”. Por isso o aluno jogava com todos os seus recursos, enfrentando um Capoeirista malicioso e técnico até o momento que o Mestre apitasse para encerra o jogo . aí, o formando conferia se a medalha continuava presa ao peito, que alivio estava formado! Dando continuidade ao ritual de formatura acontecia as apresentações de Maculelê, Samba de Roda, Samba Duro e Candomblé.

7 – Iúna - A Iúna é uma marca registrada da Capoeira Regional de Mestre Bimba, é um toque de berimbau criado pelo Mestre, que era tocado no final das aulas ou em eventos especiais, um toque onde só os alunos formados tinham acesso a roda, com a obrigatoriedade de realizar um “jogo de floreio”, bonito, criativo, curtido, malicioso e que deveria Ter movimentos de projeção. Este jogo suscitava muita admiração e emoção.

8 – Curso de Especialização – Este era um curso secreto onde só poderia participar os alunos formados por Mestre Bimba. Tinha como objetivo o aprimoramento da capoeira, com uma ênfase para os ensinamentos de defesa e contra-ataque de golpes advindos de um adversário portando armas como: navalha, faca, canivete, porrete, facão e até aramas de fogo. Sua duração era de três meses divididos em dois módulos, o primeiro com a duração de sessenta dias e era desenvolvido dentro da academia através de uma estratégia de ensino muito peculiar do Mestre. O segundo com duração de 30 dias e era realizada na Chapada do Rio Vermelho, tinha como conteúdo as “emboscadas”, a qual Itapoan assim se refere “Uma verdadeira guerra, verdadeiro treinamento de guerrilha. Bimba colocava quatro a cinco alunos para pegar um de emboscada. O aluno que tivesse sozinho, tinha que lutar até quando pudesse e depois corre, saber correr, correr para o lugar certo”. Ao final do curso o Mestre Bimba fazia uma festa aos moldes da formatura e entregava aos concluintes um “Lenço Vermelho” que correspondia a uma titulação de Graduação dos Formandos Especializados.

9 – Músicas – Podemos dividir em duas partes – a primeira referente aos toques de Berimbau, São Bento Grande, Santa Maria, Banguela, Amazonas, Cavalaria, Idalina e Iúna. A rigor cada toque tem um significado e representa um estilo de jogo. São Bento Grande é um toque que tem ritmo agressivo, indica um jogo alto com golpes aprimorados e bem objetivos, um “jogo duro”. A banguela é um toque que chama para um jogo compassado, curtido, malicioso e floreado. Cavalaria é o toque de aviso, chama a atenção dos capoeiristas que chegou estranhos na roda, autora avisava da aproximação de policiais. Iúna é um toque especial para os alunos formados por Mestre Bimba, inscrita um jogo amistoso, curtido, malicioso e com a obrigatoriedade do esquete. Santa Maria, Amazonas e Idalina são toques de apresentação. A Segunda referência é sobre as músicas. – quadras e corrido. As quadras são pequenas ladainhas com versos composto de 4 e 6 linhas. O Corrido são cantigas com frases curtas que é repetido pelo coro. Plasticamente a Capoeira Regional é identificada pêlos golpes bem definidos, pernas esticadas, movimentos amplos, jogo alto e objetivo

Este trabalho foi realizado pela Cia da Capoeira, pelo professor Paulinho Godoy, onde o mesmo fez pesquisa pela Internet, livros e outros meios.