segunda-feira, 30 de janeiro de 2017



Historias da capoeira.

Calça larga e um brinco de ouro. 

A figura do malandro capoeirista marcou a cultura brasileira do começo deste século. O folclorista Luis da Câmara Cascudo escreveu em 1916 que  "O capoeira era um individuo desconfiado e sempre prevenido. Andando nos passeios, ao aproximar-se de uma esquina, tomava imediatamente a direção do meio da rua. Havia os capoeiras de profissão, conhecido logo à primeira vista pela atitude singular do corpo, pelo andar arrevesado, pelas calças de boca larga, ou pantalona, cobrindo toda a parte anterior do pé, pela argolinha de ouro na orelha, como insignia de força e valentia, e o nunca esquecido chapéu de banda".
" Na luta, toda a atenção se concentra no olhar dos contendores, pois um golpe imprevisto, um avanço em falso, uma retirada negativa poderiam dar ganho de causa a um dos dois", afirma Cascudo. 
Na capoeira de Angola, vale mais a astúcia do que a força muscular. Seu mais célebre representante foi Vicente Ferreira Pastinha, baiano do Pelourinho, amigo do artista plástico Caribé, personagem do escritor Jorge Amado e dono de uma filosofia peculiar. "Capoeira é tudo o que a boca come", costumava dizer. "Ele ensinava a capoeira do dia-a-dia. Estava mais para religião que para brutalidade", afirma Jaime Martins dos Santos, o mestre Curió, que treinou com Pastinha desde os oito anos de idade. "Naquele tempo capoeira era coisa de arruaceiros, da malandragem. Escolhi treinar com ele porque era muito organizado e extremamente dedicado ao aluno".
O método de Pastinha, ensinado regularmente desde 1910, consiste em golpes desferidos quase que em câmara lenta. O capoeirista fica a maior parte do tempo com o corpo arqueado e sua ginga é de braços soltos, relaxadas, porque a tática era se fazer de fraco diante do oponente. "Nossos movimentos não têm pressa de chegar mais, quando chegam, é de forma harmoniosa", explica mestre Moraes, um angoleiro que se formou com mestre João Grande, o discípulo de Pastinha que hoje dá aulas em Nova York, nos Estados Unidos. "É um diálogo de corpos. Eu venço quando meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas".
* Matéria tirada da Revista Super Maio de 1996 pg.52,53


Descriminalização por decreto presidencial. 

"depois de ver uma exibição de capoeira no Rio de Janeiro, em 1937, o presidente Getúlio Vargas descriminalizou-a e decretou ser aquele o 'esporte autenticamente brasileiro'. Até então, os capoeiristas podiam pegar de dois meses a três anos de prisão, com pena de deportação no caso de estrangeiros".

Como o crime se tornou esporte. 

De 1890 a 1937, a capoeira foi crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios na rua davam até seis meses de prisão. Nesse ambiente hostil, as escolas de capoeiragem sobrevivam clandestinas nos subúrbios. Foi pra reverter esse quadro que o baiano Manoel dos Reis Machado, um angoleiro forte e valente conhecido como mestre Bimba, criou uma nova capoeira. Teve o cuidado de irar a palavra do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o Centro de Cultura Física e luta Regional. Filho de um campeão de BATUQUE, uma espécie de luta-livre comum na Bahia dos século XIX, juntou técnicas de outras lutas e criou um método de ensino. Para fugir de qualquer pista quem lembrasse a origem marginalizada da capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o em pé, criou um código de ética rígido que exigia até higiene, estabeleceu o uniforme branco e se meteu até na vida privada dos alunos. "para treinar com meu pai era preciso provar que estava trabalhando ou mostrar o boletim do colégio" conta Demerval dos Santos Machado, conhecido com "Formiga" nas rodas de capoeira e organizador da Fundação mestre Bimba ao lado do irmão mestre Nenéu. 
O resultado é que , a partir daí, a capoeira começou a ganha alunos da classe média branca e, também, a se dividir. Até hoje angoleiros e reginais criticam-se mutuamente, embora se respeitem. Os primeiros se dizem guardiães da tradição, os outros acham que a capoeira "precisa evoluir". Com isso, bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas. "Meu pai falava de uma capoeira chamada 'Maria Doze Homens', mas era exceção", diz Mestre Nenéu. Mestre "Curió" confirma: Dos anos 40 parra os 50, poucas mulheres jogavam: 'Nega didi', 'Maria Doze Homens', 'Satanás', 'Maria Pára o Bonde', 'Calça Rala'. Embora seja angoleiro e radical defensor da moda antiga, até Curió admite que só quando a capoeira virou esporte é que as rodas ficaram mistas. Ele mesmo tem uma contra-mestre do sexo feminino: "É a 'Jararaca', diz. 

"Manoel dos Reis Machado (1900 - 1974), pai da capoeira Regional, foi o primeiro mestre com curso reconhecido no país pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública em 1932".

 Matéria tirada da Revista Super Maio de 1996 pg.52,53


O toque dá o ritmo e manda o recado. 

Antigamente não havia música de fundo na capoeira. No máximo, quem estava por perto marcava o ritmo com um tambor. em seu fabuloso levantamento publicado em 1834, Viagem pitoresca e história ao Brasil, jean-Baptiste Debret deixou claro que os tocadores de berimbau tinham a intenção de chamar a atenção dos fregueses para o comércio dos ambulantes. Um certo Henry Koster (inglês que se radicou em Pernambuco, virou senhor de engenho e passou a ser chamado de Henrique costa) escreveu em suas anotações de 1816 que, de vez em quando, os escravos pediam licença pra dançar em frente à senzala e se divertiam ao som de objetos rudes. Um deles era o atabaque. Outro, "um grande arco com uma corda, tendo uma meia quenga de coco no meio dou uma pequena cabaça, amarrada". 
Era um instrumento de percussão trazido da África. A palavra vem do quimbundo, mbirimbau.
O que conhecemos hoje é chamado berimbau-de-barriga porque o músico leva e traz a boca de cabaça até o próprio corpo para alterar o som. Segundo o folclorista Édson Carneiro, foi neste século, e na Bahia, que o instrumento se incorporou ao jogo da capoeira, para marcar o ritmo dos praticantes. O que  define um jogo rápido ou lento é o toque, um padrão rítmico-melódico tocado e cantado. Segundo o etnógrafo Waldeloir Rego, existem 25 tipos de toque. Entre os mais tradicionais, de autoria desconhecida, estão o Angola (bem lento, para os capoeiras que gingam pertinho do chão), são Bento Pequeno (ou angola invertida, para golpes em que os oponentes chegam muito perto um do outro), São Bento Grande (para jogos mais ágeis), Cavalaria (usado nos tempos da proibição do jogo para avisar a chegada da policia), amazonas (que saúda um mestre visitante) e Banquela ( o mais lento da capoeira regional, usado para acalmar os ânimos dos combatentes). O Iúna é um exemplo de toque instrumental, criado por mestre Bimba para o jogo de capoeiras experientes. A maioria tem letra e muitas vezes quem está cantando aproveita parra comentar o jogo, improvisando versos que pedem para baixar a agressividade ou que zombam do capoeirista que não é tão bom quanto dizia. 
 Matéria tirada da Revista Super Maio de 1996 pg.54,55


terça-feira, 24 de janeiro de 2017




Formatura para Contramestre 
Paulinho Godoy
Mestre Negrito, Mestre Marzinho Capoeira, Mestre Lalico













O ESPIRITO DA CAPOEIRA

Entre os capoeiristas tem um código de lei, ou seja:


1º - Conhecer-se, dominar-se, dominar-se é triunfar.
2º - Sempre ceder para vencer.
3º - Capoeira é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinaram, paciência para ensinar o que aprendeu e fé para acreditar naquilo que não compreende.
4º - Quem teme perder já está vencido.
5º - Somente se aproxima da perfeição quem procura com constância, sabedoria e sobretudo, com humildade.
6º - Saber cada dia um pouco mais e usá-la todos os dias para o bem é o caminho dos verdadeiros capoeira.
7º  - Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito o teu primeiro progresso na capoeira.
8º - O corpo é uma arma, cuja eficiência depende da precisão com que usa a sua inteligência.
9º - Praticar capoeira é ensinar a inteligência a pensar com velocidade e exatidão e, ao corpo, obedecer com justiça.
10º - A franqueza é suscetível, a ignorância é rancorosa, o saber e a força dão compreensão, quem compreende perdoa.
11º - O homem que domina sua mente jamais será escravo.
12º - O que parece dificuldade constitui a chance de seu progresso.
13º - Em tudo que  fizeres, põe tua esperança à frente.
         Não temas as más línguas.
         Não esmoreças, sorria sempre
         Faz-te forte, e vencerás.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A História da capoeira de Sete Lagoas.
 A história da capoeira em Sete Lagoas sob a visão do Mestre Paulinho Godoy, tenta passar um pouco dos acontecimentos da mesma e seu desenvolvimento na cidade.
Passando por varias transições, a Associação de Capoeira Berimbau de Ouro é a precursora da capoeira em Sete Lagoas, mas antes de sua fundação na cidade ja existia alguns capoeiristas que vinha desenvolvendo trabalhos informais. 
Com a chegada de Mestre Marreta, Luiz Carlos Afonso, a capoeira teve um desenvolvimento mais formal, onde o mesmo implantou novas técnicas e novas metodologias de treinamento. 
Mestre Paulinho Godoy conta um pouco da historia de Sete Lagoas e um pouco de sua transição dentro da capoeira.