sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Berimbau





ORIGEM

Estima-se que o arco musical tenha surgido por volta de 1500 A.C., e instrumentos derivados do arco foram encontrados nas mais diversas regiões do mundo, como no Novo México, na Patagônia, na África e em civilizações antigas, entre elas a egípcia, a fenícia, a hindu, a persa e a assíria. Porém, há registros do hungu da forma que conhecemos, desde tempos primitivos, em Angola.
O berimbau, é um instrumento de corda, de origem angolana, também conhecido como berimbau de peito em Portugal ou como hungu em Angola e grande parte do continente africano.
No Brasil, também é conhecido por urucungo, urucurgo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, ricungo, berimbau metalizado, gobo, marimbau, bucumbumba, bucumbunga, gunga, macungo, matungo, mutungo, aricongo, arco musical e rucumbo.

DESCRIÇÃO

É constituído por uma vara em arco, de madeira ou verga, com um comprimento aproximado de 1,50m a 1,70m e um fio de aço (arame) preso nas extremidades da vara. Na sua base é amarrada uma cabaça com o fundo cortado que funciona como caixa de ressonância. O tocador de hungo usa a mão esquerda para sustentar o conjunto e pratica um movimentos de vai e vem contra o ventre, utilizando uma pedra ou uma moeda (dobrão), para pressionar o fio. A mão direita, com uma varinha, percute a corda.

CATEGORIA
Entre os capoeiristas, há uma divisão em subtipos de berimbau:

Gunga ou berra-boi: tom mais grave.

Médio ou viola: tom médio.

Violinha ou viola: tom mais alto.

Essas categorias relacionam-se ao som, não ao tamanho. A qualidade de um berimbau não depende do comprimento do arco nem do tamanho da cabaça, mas sim do diâmetro e resistência do arco e da qualidade sonora da cabaça.

NA CAPOEIRA
O berimbau é um elemento fundamental na capoeira, sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciarem um jogo. Alguns o consideram um instrumento sagrado. Ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo de jogo. São dados nomes às variações de toques mais conhecidas, e quando se toca repetidamente um mesmo toque, diz-se que está jogando a capoeira daquele estilo. As variações mais comuns são "Angola" e "São Bento Grande".
Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente, cada um com uma função mais ou menos definida.
O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações. O tocador de gunga no começo de uma roda de capoeira geralmente é seu líder, sendo seguido pelos outros instrumentos. O tocador principal do gunga geralmente também lidera a cantoria, além de convidar os jogadores ao "pé do berimbau" (para inciarem a dança).
o médio ("viola") complementa o gunga. Por exemplo, enquanto o gunga toca um padrão simples de oito unidades , o médio pode tocar uma variação de dezesseis unidades . O diálogo entre o gunga e o médio caracteriza o toque. No toque São Bento Pequeno, o médio inverte a melodia do gunga, com alguma improvisação.
O violinha toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois. O tocador do violinha harmoniza e quebra para acentuar as músicas.
Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre de roda determina a interação entre seus músicos. Alguns preferem todos os instrumentos em uníssono, ao passo que outros dividem os tocadores entre iniciantes e avançados, requerendo dos últimos variações mais complexas.
A afinação na capoeira é escarçamente definida. O berimbau é um instrumento microtonal, e pode ser afinado na mesma altura, variando apenas no timbre. A nota baixa do médio é afinada com a nota alta do gunga, o mesmo se procedendo em relação ao violinha para com o médio. Outros gostam de afinar o instrumento em quarteto (C, F, B) ou em tríade (C, E, G). No geral, a afinação depende da aprovação do mestre de roda.

TOQUES

As variações dos toques (ritmos) do berimbau são inúmeras, entre elas:

Angola: não toca a última batida da sequência básica.

São Bento Pequeno (ou Angola Invertido): similar ao Angola, mas com os tons altos e baixos invertidos ; geralmente tocado com o berimbau médio ("viola"), enquanto se toca o toque Angola no berimbau gunga ("berra-boi").

São Bento Grande de Bimba (ou Regional): inventado por Mestre Bimba, geralmente tocado em um padrão de duas barras.

São Bento Grande de Angola: adiciona uma batida extra ao toque São Bento Pequeno. São Bento Grande possui ainda uma variação regional.

Iúna: inventado por Mestre Bimba.

Cavalaria: usado no passado para avisar os capoeiristas da aproximação de policiais -- existem variações.

Santa Maria: uma transcrição em quatro barras dos corridos "Santa Maria" e "Apanha Laranja no Chão Tico Tico".

Benguela

Entre outros toques, destacam-se o Idalina e o Amazonas, todos derivados do padrão básico da capoeira.
Capoeiristas também tocam samba, antes ou depois de jogarem capoeira, com toques próprios, derivados do samba de roda.

A TÉCNICA DO BERIMBAU
Segura-se o berimbau com uma das mãos, à altura da cabaça; com a mesma mão, segura-se a moeda ou uma pedra de areia lavada que, durante o toque do instrumento, será, várias vezes, pressionada contra o arame, de forma a modificar o tom do berimbau. A cabaça posiciona-se à altura do abdome do tocador, pois este modifica-lhe o som, quando aproxima ou afasta a cabaça de seu corpo. Com a vareta na outra mão, executam-se as batidas no arame; e, na mesma mão da vareta, o tocador segura o caxixi, de forma a preencher o som da batida da vareta com o som do caxixi: uma espécie de chocalho.