quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Toques de Capoeira




TOQUES DE CAPOEIRA

Angola - Um ritmo tocado com o berimbau no momento de realização do jogo de capoeira Angola. Esse toque corresponde ao toque do primeiro ritmo. Quando o gunga o toca, o berimbau médio executa o São Bento Pequeno e a viola toca o São Bento Grande. Possui complementaridade com o toque de Santa Maria.

São Bento Grande de Bimba - Este toque foi criado por Mestre Bimba. É chamado também de São Bento Grande da Regional. Toca-se ele com um berimbau médio, dois pandeiros de cada lado fazem parte da formação da bateria (a essa formação instrumental dá-se o nome de "charanga"). É um toque que transmite muita energia e exige dos capoeiras muita técnica e atenção.

São Bento Grande de Angola - Esse toque é utilizado no jogo de Angola, é tocado com o berimbau viola e fazendo repiques. Mas também há grupos de capoeira que usam o toque São Bento Grande de Angola para jogar "regional" um jogo rápido e de floreios. São Bento Grande de Angola seria o mesmo que a capoeiragem do tempo dos escravos, apenas assim denominada e talvez com algumas modificações. Angola, como também é conhecida, é um jogo onde predominam rasteiras e cabeçadas. É um jogo lento e cheio de armadilhas. Geralmente costuma ser um jogo baixo, com bastantes movimentos próximos ao chão.

São Bento Pequeno - É o toque para jogo solto, ligeiro, ágil, jogo de exibição técnica.

Iúna - É um jogo da capoeira que, acompanhado do toque do berimbau, serve para demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos). Esse jogo é tradicionalmente feito sem palmas nem qualquer outro instrumento além do berimbau, para realçar a solenidade da ocasião. Entretanto, em alguns lugares, especialmente na capoeira angola, outros instrumentos podem acompanhar o jogo. Nunca, porém, o aluno deve cantar enquanto fizer os movimentos. O toque de Iúna (assim como os outros toques) não possui um criador identificado (assim como não existe 'um criador' da capoeira), mas alguns capoeiristas atribuem sua criação ao Mestre Bimba, como forma de os alunos formados demonstrarem suas habilidades como saltos, piruetas, firulas, paradas-de-mão, etc. Durante esse jogo, a objetividade dos golpes dá lugar à destreza e à plasticidade dos movimentos, que se tornam mais alongados e coreografados. Mestre Bimba costumava desenvolver neste ritmo a chamada "cintura-desprezada" ou "balões cinturados", que consistia numa seqüência de balões, movimentos em que um jogador é lançado para o alto e precisa cair em pé, geralmente exigido do aluno graduado.

Cavalaria - Em capoeira, cavalaria é o toque de alerta máximo ao capoeirista. É usado para avisar o perigo no jogo, a violência e a discórdia na roda. Na época da escravidão, era usada para avisar aos negros capoeiras da chegada do feitor. Na República, quando a capoeira foi proibida, os capoeiristas usavam a "cavalaria" para avisar da chegada da polícia montada, ou seja, da cavalaria.

Samango - O samango é um toque de capoeira onde a acústica da barriga é enfatizada. Era utilizado para mostrar que existia a aproximação de pessoas no local onde estava sendo executado e levava a velocidade das passadas, aumentando com a aproximação.

Santa Maria - Em capoeira, Santa Maria é o toque usado quando o jogador coloca a navalha no pé ou na mão. O toque de Santa Maria é para o jogo de apanhar um objeto com a boca (dinheiro ou caxixi). Na capoeira Regional chama-se de Santa Maria e na capoeira de Angola é mais conhecido por "põe a laranja no chão tico-tico". Um dos toques mais bonitos do berimbau, o tocador precisa desenvolver uma escala de notas e retornar ao começo da escala que dá ao ritmo uma característica muito diferente dos demais toques da capoeira, em especial da capoeira regional.

Benguela - É o toque mais lento da capoeira regional. Este toque é usado no início das rodas, ou, ainda, para acalmar os ânimos dos jogadores quando o jogo esquenta. É um jogo cadenciado, onde os movimentos são quebrados e passasse para outro. É um jogo jogado mais no chão do que gingando, onde se utiliza muito a inteligência. Toque criado pelo Mestre Bimba conhecido também como Banguela, era utilizado no jogo de principiantes para soltar o corpo e incorporar a capoeira e também em treinamento de faca. O Mestre chamava o toque e o jogo de Banguela, que não havia canto e se respeitava o comando do berimbau. É muito comum as pessoas chamarem o toque de benguela com E, mas segundo alunos de mestre Bimba e pessoas que com ele conviveram diretamente, o nome dado por ele ao toque foi Banguela com A e não com É.

Amazonas - Na capoeira, Amazonas é o toque festivo, usado para saudar mestres visitantes de outros lugares e seus respectivos alunos. É usado em batizados e encontros.

Idalina - É um toque lento, mas de batida forte, que também é usado para o jogo de faca ou facão.

Regional de Bimba - É um estilo da Capoeira voltada para o combate. Criada pelo Mestre "Bimba", dividiu a capoeira em dois estilos, sendo a outra a Capoeira de Angola, que até então era chamado de brincadeira dos angolas. O que caracteriza a capoeira regional de Bimba, são as suas seqüências de ensino de ataque, defesa e contra-ataque, com movimentos mais objetivos e eficientes, sem muitos floreios rasteiros, consiste em saltos e golpes aéreos. O praticante de capoeira regional de Bimba ganha força, velocidade, elasticidade, ferocidade, relfexo e controle mais amplo dos movimentos.

Canções de Capoeira




CANTOS

Na capoeira as músicas podem ser dividida de 4 formas diferentes, chula, ladainha, corrido e quadra. Abaixo descreveremos cada uma delas para melhor entendimento.

Chula

É uma cantiga curta, normalmente feita de improviso que faz apresentação ou identificação. É entoada pelo cantador para fazer a abertura de sua composição. Normalmente faz uma louvação aos seus mestres às suas origens ou à cidade em que nasceu ou está no momento, pode ainda fazer culto a fatos históricos, lendas ou algum outro elemento cultural que diga respeito à roda de capoeira. É comum aos cantadores da roda usarem a chula como introdução para as corridos e ladainhas e, durante a mesma é sugerido um refrão para o coro cantar.
Exemplo:

Tá difícil pra calar
A boca do cantador
O meu canto vem de dentro
Já nem sei quem me ensinou

É canto que quem mandinga
Tem magia, tem amor
Por isso não adianta
Tú querer me derrurar

Dei o bote na serpente
Antes dela de enroscar
Manginga que vem pra aqui..."colega véio"
Meu bom Deus manda pra lá...camará

Iê, viva meu Deus...
Iê, viva meu Deus...camará
Iê, viva meu Mestre...
Iê, viva meu Mestre...camará
...

Ladainha

É um ritmo lento, sofrido, dolente, é como uma reza, uma oração muito parecida com as que são feitas na Igreja Católica em louvor ao terço. O conteúdo de uma ladainha corresponde a uma oração longa e desdobrada pelo cantador em versos entremeados pelo refrão repetido pelo côro. As ladainhas , exclusivas do jogo de Angola, são cantadas antes do início do jogo. Os participantes da roda devem ficar atentos ao cantador, pois na ladainha pode ser feito um desafio e, quando for dada a senha para o início do jogo qualquer um pode ser chamado neste desafio
Exemplo:

Vou embora pra Bahia
Vou ver se dinheiro corre
Se dinheiro não correr
Ó de fome ninguem não morre

Eu nasci naquela terra
Naquela terra eu me criei
Ô que terra hospitaleira
Nessa terra eu morrerei

Minha mãe ta me chamando
Ô que vida de mulher
Quem toca pandeiro é homem
Quem bate palme é mulher

Lá no ceu tem três estrelas
Todas três em carrerinha
Uma é minha, outra é sua
A outra vai ficar sozinha...camará

Iê, viva meu Deus...
Iê, viva meu Deus...camará
Iê, viva meu Mestre...
Iê, viva meu Mestre...camará
...

Corrido

Como o próprio nome já sugere, corrido é uma cantiga que "acelera" o ritmo e que se caracteriza pela junção do verso do cantador com as frases do refrão repetido pelo coro total ou parcialmente, dependendo do tempo que o cantador dá entre os versos que canta. O cantador faz versos curtos e simples que são à toda hora repetidos e o conjunto deles é usado como refrão pelo côro. O texto cantado pode ser retirado de uma quadra, de uma ladainha ou de uma chula ou ainda de cenas da vida cotidiana, de um passado histórico ou simplesmente da imaginação do cantador. Geralmente, o ocorrido é cantado nos toques de São Bento Grande, Cavalaria, Amazonas, São Bento Pequeno, sempre em toques mais acelerados. No canto corrido, o cantador não tem a preocupação de contar nenhuma história, as frases são ditas aleatoriamente, falando de assuntos diversos, e a participação do coro é imediata e necessária desde o seu início. Durante a roda, os capoeiristas, que ficam de pé formando a roda, acompanham a cantoria com palmas.
Exemplo:

Oi, São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai
São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai
São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai ...
Ai, ai, ai, ai doutor
Velejando no mar, eu vou, eu vou!
Ai, ai, ai, ai doutor
Velejando no mar, eu vou, eu vou!
Ai, ai, ai, ai doutor ...

Quadra

A quadra é uma estrofe curta de apenas quatro versos simples, cujo conteúdo pode variar de acordo com a criatividade do compositor que pode fazer brincadeiras com sotaque ou comportamento de algum companheiro de jogo, pode fazer advertências, falar de lendas, fatos históricos ou figuras importantes da capoeira. Normalmente as quadras terminam com uma chamada ao côro que pode ser: camaradinha, camará, volta do mundo, aruandê, Iêê...Êêê...dentre muitas.
Exemplo:

Bimba parou essa roda
Bimba parou outra vez
Bate essa palma moleque
Que a palma de Bimba é um dois três.

Olha a palma de Bimba...
É um dois três.
Olha a palma de Bimba...
É um dois três.

domingo, 22 de agosto de 2010