terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Berimbau





ORIGEM

Estima-se que o arco musical tenha surgido por volta de 1500 A.C., e instrumentos derivados do arco foram encontrados nas mais diversas regiões do mundo, como no Novo México, na Patagônia, na África e em civilizações antigas, entre elas a egípcia, a fenícia, a hindu, a persa e a assíria. Porém, há registros do hungu da forma que conhecemos, desde tempos primitivos, em Angola.
O berimbau, é um instrumento de corda, de origem angolana, também conhecido como berimbau de peito em Portugal ou como hungu em Angola e grande parte do continente africano.
No Brasil, também é conhecido por urucungo, urucurgo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, ricungo, berimbau metalizado, gobo, marimbau, bucumbumba, bucumbunga, gunga, macungo, matungo, mutungo, aricongo, arco musical e rucumbo.

DESCRIÇÃO

É constituído por uma vara em arco, de madeira ou verga, com um comprimento aproximado de 1,50m a 1,70m e um fio de aço (arame) preso nas extremidades da vara. Na sua base é amarrada uma cabaça com o fundo cortado que funciona como caixa de ressonância. O tocador de hungo usa a mão esquerda para sustentar o conjunto e pratica um movimentos de vai e vem contra o ventre, utilizando uma pedra ou uma moeda (dobrão), para pressionar o fio. A mão direita, com uma varinha, percute a corda.

CATEGORIA
Entre os capoeiristas, há uma divisão em subtipos de berimbau:

Gunga ou berra-boi: tom mais grave.

Médio ou viola: tom médio.

Violinha ou viola: tom mais alto.

Essas categorias relacionam-se ao som, não ao tamanho. A qualidade de um berimbau não depende do comprimento do arco nem do tamanho da cabaça, mas sim do diâmetro e resistência do arco e da qualidade sonora da cabaça.

NA CAPOEIRA
O berimbau é um elemento fundamental na capoeira, sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciarem um jogo. Alguns o consideram um instrumento sagrado. Ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo de jogo. São dados nomes às variações de toques mais conhecidas, e quando se toca repetidamente um mesmo toque, diz-se que está jogando a capoeira daquele estilo. As variações mais comuns são "Angola" e "São Bento Grande".
Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente, cada um com uma função mais ou menos definida.
O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações. O tocador de gunga no começo de uma roda de capoeira geralmente é seu líder, sendo seguido pelos outros instrumentos. O tocador principal do gunga geralmente também lidera a cantoria, além de convidar os jogadores ao "pé do berimbau" (para inciarem a dança).
o médio ("viola") complementa o gunga. Por exemplo, enquanto o gunga toca um padrão simples de oito unidades , o médio pode tocar uma variação de dezesseis unidades . O diálogo entre o gunga e o médio caracteriza o toque. No toque São Bento Pequeno, o médio inverte a melodia do gunga, com alguma improvisação.
O violinha toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois. O tocador do violinha harmoniza e quebra para acentuar as músicas.
Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre de roda determina a interação entre seus músicos. Alguns preferem todos os instrumentos em uníssono, ao passo que outros dividem os tocadores entre iniciantes e avançados, requerendo dos últimos variações mais complexas.
A afinação na capoeira é escarçamente definida. O berimbau é um instrumento microtonal, e pode ser afinado na mesma altura, variando apenas no timbre. A nota baixa do médio é afinada com a nota alta do gunga, o mesmo se procedendo em relação ao violinha para com o médio. Outros gostam de afinar o instrumento em quarteto (C, F, B) ou em tríade (C, E, G). No geral, a afinação depende da aprovação do mestre de roda.

TOQUES

As variações dos toques (ritmos) do berimbau são inúmeras, entre elas:

Angola: não toca a última batida da sequência básica.

São Bento Pequeno (ou Angola Invertido): similar ao Angola, mas com os tons altos e baixos invertidos ; geralmente tocado com o berimbau médio ("viola"), enquanto se toca o toque Angola no berimbau gunga ("berra-boi").

São Bento Grande de Bimba (ou Regional): inventado por Mestre Bimba, geralmente tocado em um padrão de duas barras.

São Bento Grande de Angola: adiciona uma batida extra ao toque São Bento Pequeno. São Bento Grande possui ainda uma variação regional.

Iúna: inventado por Mestre Bimba.

Cavalaria: usado no passado para avisar os capoeiristas da aproximação de policiais -- existem variações.

Santa Maria: uma transcrição em quatro barras dos corridos "Santa Maria" e "Apanha Laranja no Chão Tico Tico".

Benguela

Entre outros toques, destacam-se o Idalina e o Amazonas, todos derivados do padrão básico da capoeira.
Capoeiristas também tocam samba, antes ou depois de jogarem capoeira, com toques próprios, derivados do samba de roda.

A TÉCNICA DO BERIMBAU
Segura-se o berimbau com uma das mãos, à altura da cabaça; com a mesma mão, segura-se a moeda ou uma pedra de areia lavada que, durante o toque do instrumento, será, várias vezes, pressionada contra o arame, de forma a modificar o tom do berimbau. A cabaça posiciona-se à altura do abdome do tocador, pois este modifica-lhe o som, quando aproxima ou afasta a cabaça de seu corpo. Com a vareta na outra mão, executam-se as batidas no arame; e, na mesma mão da vareta, o tocador segura o caxixi, de forma a preencher o som da batida da vareta com o som do caxixi: uma espécie de chocalho.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010



Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, cidade marcada pelo verde dos canaviais, é terra rica em manifestações da cultura popular de herança africana. Berço da capoeira baiana, foi também o palco de surgimento do Maculelê, dança de forte expressão dramática, destinada a participantes do sexo masculino, que dançam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em dialetos africanos ou em linguagem popular. Era o ponto alto dos folguedos populares, nas celebrações profanas locais, comemorativas do dia de Nossa Senhora da Purificação (2 de fevereiro), a santa padroeira da cidade. Dentre todos os folguedos de Santo Amaro, o Maculelê era o mais contagiante, pelo ritmo vibrante e riqueza de cores.
Sua origem, porém, como aliás ocorre em relação a todas as manifestações folclóricas de matriz africana, é obscura e desconhecida. Acredita-se que seja um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais de Santo Amaro, e que passara a integrar as comemorações locais. Há quem sustente, no entanto, que o Maculelê tem também raízes indígenas, sendo então de origem afro-indígena.
Conta a lenda que a encenação do Maculelê baseia-se em um episódio épico ocorrido numa aldeia primitiva do reino de Ioruba, em que, certa vez, saíram todos juntos os guerreiros para caçar, permanecendo na aldeia apenas 22 homens, na maioria idosos, junto das mulheres e crianças. Disso aproveitou-se uma tribo inimiga para atacar, com maior número de guerreiros. Os 22 homens remanescentes teriam então se armado de curtos bastões de pau e enfrentado os invasores, demonstrando tanta coragem que conseguiram pô-los em debandada. Quando retornaram os outros guerreiros, tomaram conhecimento do ocorrido e promoveram grande festa, na qual os 22 homens demonstraram a forma pela qual combateram os invasores. O episódio passou então a ser comemorado freqüentemente pelos membros da tribo, enriquecido com música característica e movimentos corporais peculiares. A dança seria assim uma homenagem à coragem daqueles bravos guerreiros.
No início do século XX, com a morte dos grandes mestres do Maculelê de Santo Amaro da Purificação, o folguedo deixou de constar, por muitos anos, das festas da padroeira. Até que, em 1943, apareceu um novo mestre – Paulino Aluísio de Andrade, conhecido como Popó do Maculelê, considerado por muitos como o “pai do Maculelê no Brasil”. Mestre Popó reuniu parentes e amigos, a quem ensinou a dança, baseando-se em suas lembranças, pretendendo incluí-la novamente nas festas religiosas locais. Formou um grupo, o “Conjunto de Maculelê de Santo Amaro”, que ficou muito conhecido.
É nos estudos desenvolvidos por Manoel Querino (1851-1923) que se encontram indicações de que o Maculelê seria um fragmento do Cucumbi, dança dramática em que os negros batiam roletes de madeira, acompanhados por cantos. Luís da Câmara Cascudo, em seu “Dicionário do Folclore Brasileiro”, aponta a semelhança do Maculelê com os Congos e Moçambiques. Deve-se citar também o livro de Emília Biancardi, “Olelê Maculelê”, um dos mais completos estudos sobre o assunto.
Hoje em dia, o Maculelê se encontra integrado na relação de atividades folclóricas brasileiras e é freqüentemente apresentado nas exibições de grupos de capoeira, grupos folclóricos, colégios e universidades.


FONTE: http://www.senzala.org.br/historia/3-historico-do-maculele.html
 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

MESTRE BIMBA

Abadá Capoeira

A BENGUELA

Composição: Tucano Preto
 
A benguela chamou pra jogar
A benguela chamou pra jogar Capoeira( Coro )


Tudo começou assim
Hoje eu tenho que lembrar
De Maria Martinha do Bonfim
Luiz Candido Machado
Que eram os pais de Mestre Bimba
Manoel do Reis Machado

Coro

Em mil novecentos, este fato aconteceu
Em vinte trés de novembro
O Mestre Bimba nasceu

Coro

Bimba assim dizia
Tocando seu berimbau
Sentado no velho banco
Ensinando a regional

Coro

Nos dias de formatura
Era obrigado a jogar
O São Bento Grande
E o Toque de Iuna
A benguela não podia sujar

Coro

Em cinco de fevereiro
Do ano de setenta e quatro
Esta tristeza aconteceu
Na cidade de Goiânia
Mestre Bimba faleceu

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CANÇÕES DE CAPOEIRA

Canções de capoeira
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SALVE CAPOEIRA...

RODA DE CAPOEIRA NO CASARÃO DIA 09/09/2010

1º PARTE

2º PARTE

Roda de capoeira no Casarão part2 - Cia da capoeira Sete Lagoas - MG no Yahoo! Vídeo

O dia que o berimbau chorou;
O dia em que a capoeira sofreu;
Foi quando falaram que Bimba mestre da Bahia
morreu ....
(TRECHO DA MÚSICA BERIMBAU CHOROU)

sábado, 4 de setembro de 2010

MESTRE PASTINA & MESTRE BIMBA

Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana.

Menino ainda, Mestre Pastinha conheceu a arte da capoeira com apenas 8 anos de idade,quando um africano que chamava carinhosamente de Tio Benedito, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe a arte da Capoeira. Durante três anos, Pastinha passou tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia e outros. Ali aprendeu a jogar com a vida e a ser um vencedor.

Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado na Escola de Aprendizes Marinheiros por seu pai, que não concordava muito com a vadiagem do moleque. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira.

Aos 21 anos voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República.

Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Mestre Pastinha.

Mestre Pastinha viajou boa parte do mundo levando a Capoeira para representar o Brasil em vários festivais de arte negra. Ele usava todos os seus talentos para valorizar a arte da Capoeira. Fazia versos e chegou a escrever um livro, Capoeira Angola, publicado em 1964, pela Gráfica Loreto.

Mestre Pastinha trabalhou muito em prol da Capoeira, divulgou a arte o quanto lhe foi possível e foi reconhecido por muitos famosos que se maravilharam com suas exibições.

Aos 84 anos e muito debilitado fisicamente, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia e a única renda financeira que tinha era a das vendas dos acarajés que sua esposa vendia. No dia 12 de abril de 1981, Pastinha participou do último jogo de sua vida. Desta vez, com a própria morte. Ele, que tantas vezes jogou com a vida, acabou derrotado pela doença e pela miséria. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador.

Morreu Mestre Pastinha numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca que, no estado frágil em que se encontrava, foi fatal.

Pequeno e notável em sua arte, Mestre Pastinha nos deixou seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta:

"Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações tem que ser feitas aos poucos. Isso serve na Capoeira, na família e na vida. Há momentos que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não podem ser contados a todas as pessoas."

Mestre Pastinha 10/10/1980

Jogo de Capoeira Angola: Na Capoeira de Angola, vale mais a astúcia do que a força muscular. O método de Pastinha, ensinado regularmente desde 1910, consiste em golpes desferidos quase que em câmara lenta. O capoeirista fica a maior parte do tempo com o corpo arqueado e sua ginga é de braços soltos, relaxados, porque a tática era se fazer de fraco diante do oponente. Os golpes não tem pressa de chegar, mas quando chegam o fazem de forma harmoniosa. Muitas pessoas que conheceram a Capoeira Angola acham que ela é menos violenta, pois os golpes são desferidos em câmera lenta, mas às vezes chega a ser mais perigosa que a Capoeira Regional. Como Mestre Pastinha dizia: "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta."

Mestre Bimba

Em 23 de Novembro de 1900, início de um novo século, no Bairro de Engenho Velho, Freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia, nascia Manoel dos Reis Machado, o MESTRE BIMBA. Seu apelido ele ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bomfim, dizia que daria luz à uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram: perdeu dona Maria e o filho, Manoel, que ganhou o apelido que lhe acompanharia pela vida inteira: Bimba, um nome popular do órgão sexual masculino.

Seu pai, velho Luís Cândido Machado, já era citado nas festas de largo como grande "Batuqueiro", como Campeão de "Batuque", "a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão".

De 1890 a 1937, a Capoeira foi crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios nas rua davam até seis meses de prisão. Aos 12 anos de idade, Bimba, o caçula de Dona Martinha, iniciou-se na Capoeira, na Estrada das Boiadas, hoje o grande bairro negro Liberdade. Seu mestre foi o africano Bentinho, Capitão da Companhia de Navegação Baiana. Nesse tempo a Capoeira ainda era bastante perseguida e Bimba contava:

"Naquele tempo Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas eu fui um pouco de tudo. A Polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem pegos brigando, era amarrar um punho num rabo de cavalo e o outro em cavalo paralelo, os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o Quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do Quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em disparada pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o Quartel de Polícia.".

A essa altura, Bimba começou a sentir que a Capoeira que ele praticava e ensinou por bom tempo, tinha se folclorizado, assim como a Bahia, que degenerou-se e passou a servir de "prato do dia" para "pseudo-capoeiristas", que utilizavam a Capoeira unicamente para exibição em praças, e, por ter eliminado seus movimentos fortes, mortais, deixava muito a desejar em termos de luta. A "pantomima" se fazia altamente necessária a esse tipo de jogo para "inglês ver". O capoeirista se tornou um folclórico em demasia, sem a verdadeira malícia e eficiência técnica que uma luta como a Capoeira exigia. Foi para reverter esse quadro que Bimba criou a Capoeira Regional, aproveitando-se de golpes do "batuque", luta da qual seu pai foi campeão, do Jiu-jítsu e do Boxe, e criou um método de ensino. Para fugir de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da Capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o em pé e criou um código de ética rígido que exigia até higiene, estabeleceu o uniforme branco e se meteu até na vida privada dos alunos.

Teve o cuidado de retirar a palavra "Capoeira" do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o "Centro de Cultura Física e Luta Regional".

O resultado é que, a partir daí, a Capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca e, também, a se dividir. Até hoje Angoleiros e Regionais criticam-se mutuamente, embora se respeitem. Os primeiros se consideram guardiões da tradição, enquanto os outros acham que a Capoeira "deve evoluir". Mas, com isso, Mestre Bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas.

Jogo de Capoeira Regional: o jogo que Mestre Bimba criou é um jogo mais rápido, em que os capoeiristas jogam de pé, não jogando tanto no chão quanto na Capoeira Angola Os golpes são mais rápidos e precisos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Toques de Capoeira




TOQUES DE CAPOEIRA

Angola - Um ritmo tocado com o berimbau no momento de realização do jogo de capoeira Angola. Esse toque corresponde ao toque do primeiro ritmo. Quando o gunga o toca, o berimbau médio executa o São Bento Pequeno e a viola toca o São Bento Grande. Possui complementaridade com o toque de Santa Maria.

São Bento Grande de Bimba - Este toque foi criado por Mestre Bimba. É chamado também de São Bento Grande da Regional. Toca-se ele com um berimbau médio, dois pandeiros de cada lado fazem parte da formação da bateria (a essa formação instrumental dá-se o nome de "charanga"). É um toque que transmite muita energia e exige dos capoeiras muita técnica e atenção.

São Bento Grande de Angola - Esse toque é utilizado no jogo de Angola, é tocado com o berimbau viola e fazendo repiques. Mas também há grupos de capoeira que usam o toque São Bento Grande de Angola para jogar "regional" um jogo rápido e de floreios. São Bento Grande de Angola seria o mesmo que a capoeiragem do tempo dos escravos, apenas assim denominada e talvez com algumas modificações. Angola, como também é conhecida, é um jogo onde predominam rasteiras e cabeçadas. É um jogo lento e cheio de armadilhas. Geralmente costuma ser um jogo baixo, com bastantes movimentos próximos ao chão.

São Bento Pequeno - É o toque para jogo solto, ligeiro, ágil, jogo de exibição técnica.

Iúna - É um jogo da capoeira que, acompanhado do toque do berimbau, serve para demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos). Esse jogo é tradicionalmente feito sem palmas nem qualquer outro instrumento além do berimbau, para realçar a solenidade da ocasião. Entretanto, em alguns lugares, especialmente na capoeira angola, outros instrumentos podem acompanhar o jogo. Nunca, porém, o aluno deve cantar enquanto fizer os movimentos. O toque de Iúna (assim como os outros toques) não possui um criador identificado (assim como não existe 'um criador' da capoeira), mas alguns capoeiristas atribuem sua criação ao Mestre Bimba, como forma de os alunos formados demonstrarem suas habilidades como saltos, piruetas, firulas, paradas-de-mão, etc. Durante esse jogo, a objetividade dos golpes dá lugar à destreza e à plasticidade dos movimentos, que se tornam mais alongados e coreografados. Mestre Bimba costumava desenvolver neste ritmo a chamada "cintura-desprezada" ou "balões cinturados", que consistia numa seqüência de balões, movimentos em que um jogador é lançado para o alto e precisa cair em pé, geralmente exigido do aluno graduado.

Cavalaria - Em capoeira, cavalaria é o toque de alerta máximo ao capoeirista. É usado para avisar o perigo no jogo, a violência e a discórdia na roda. Na época da escravidão, era usada para avisar aos negros capoeiras da chegada do feitor. Na República, quando a capoeira foi proibida, os capoeiristas usavam a "cavalaria" para avisar da chegada da polícia montada, ou seja, da cavalaria.

Samango - O samango é um toque de capoeira onde a acústica da barriga é enfatizada. Era utilizado para mostrar que existia a aproximação de pessoas no local onde estava sendo executado e levava a velocidade das passadas, aumentando com a aproximação.

Santa Maria - Em capoeira, Santa Maria é o toque usado quando o jogador coloca a navalha no pé ou na mão. O toque de Santa Maria é para o jogo de apanhar um objeto com a boca (dinheiro ou caxixi). Na capoeira Regional chama-se de Santa Maria e na capoeira de Angola é mais conhecido por "põe a laranja no chão tico-tico". Um dos toques mais bonitos do berimbau, o tocador precisa desenvolver uma escala de notas e retornar ao começo da escala que dá ao ritmo uma característica muito diferente dos demais toques da capoeira, em especial da capoeira regional.

Benguela - É o toque mais lento da capoeira regional. Este toque é usado no início das rodas, ou, ainda, para acalmar os ânimos dos jogadores quando o jogo esquenta. É um jogo cadenciado, onde os movimentos são quebrados e passasse para outro. É um jogo jogado mais no chão do que gingando, onde se utiliza muito a inteligência. Toque criado pelo Mestre Bimba conhecido também como Banguela, era utilizado no jogo de principiantes para soltar o corpo e incorporar a capoeira e também em treinamento de faca. O Mestre chamava o toque e o jogo de Banguela, que não havia canto e se respeitava o comando do berimbau. É muito comum as pessoas chamarem o toque de benguela com E, mas segundo alunos de mestre Bimba e pessoas que com ele conviveram diretamente, o nome dado por ele ao toque foi Banguela com A e não com É.

Amazonas - Na capoeira, Amazonas é o toque festivo, usado para saudar mestres visitantes de outros lugares e seus respectivos alunos. É usado em batizados e encontros.

Idalina - É um toque lento, mas de batida forte, que também é usado para o jogo de faca ou facão.

Regional de Bimba - É um estilo da Capoeira voltada para o combate. Criada pelo Mestre "Bimba", dividiu a capoeira em dois estilos, sendo a outra a Capoeira de Angola, que até então era chamado de brincadeira dos angolas. O que caracteriza a capoeira regional de Bimba, são as suas seqüências de ensino de ataque, defesa e contra-ataque, com movimentos mais objetivos e eficientes, sem muitos floreios rasteiros, consiste em saltos e golpes aéreos. O praticante de capoeira regional de Bimba ganha força, velocidade, elasticidade, ferocidade, relfexo e controle mais amplo dos movimentos.

Canções de Capoeira




CANTOS

Na capoeira as músicas podem ser dividida de 4 formas diferentes, chula, ladainha, corrido e quadra. Abaixo descreveremos cada uma delas para melhor entendimento.

Chula

É uma cantiga curta, normalmente feita de improviso que faz apresentação ou identificação. É entoada pelo cantador para fazer a abertura de sua composição. Normalmente faz uma louvação aos seus mestres às suas origens ou à cidade em que nasceu ou está no momento, pode ainda fazer culto a fatos históricos, lendas ou algum outro elemento cultural que diga respeito à roda de capoeira. É comum aos cantadores da roda usarem a chula como introdução para as corridos e ladainhas e, durante a mesma é sugerido um refrão para o coro cantar.
Exemplo:

Tá difícil pra calar
A boca do cantador
O meu canto vem de dentro
Já nem sei quem me ensinou

É canto que quem mandinga
Tem magia, tem amor
Por isso não adianta
Tú querer me derrurar

Dei o bote na serpente
Antes dela de enroscar
Manginga que vem pra aqui..."colega véio"
Meu bom Deus manda pra lá...camará

Iê, viva meu Deus...
Iê, viva meu Deus...camará
Iê, viva meu Mestre...
Iê, viva meu Mestre...camará
...

Ladainha

É um ritmo lento, sofrido, dolente, é como uma reza, uma oração muito parecida com as que são feitas na Igreja Católica em louvor ao terço. O conteúdo de uma ladainha corresponde a uma oração longa e desdobrada pelo cantador em versos entremeados pelo refrão repetido pelo côro. As ladainhas , exclusivas do jogo de Angola, são cantadas antes do início do jogo. Os participantes da roda devem ficar atentos ao cantador, pois na ladainha pode ser feito um desafio e, quando for dada a senha para o início do jogo qualquer um pode ser chamado neste desafio
Exemplo:

Vou embora pra Bahia
Vou ver se dinheiro corre
Se dinheiro não correr
Ó de fome ninguem não morre

Eu nasci naquela terra
Naquela terra eu me criei
Ô que terra hospitaleira
Nessa terra eu morrerei

Minha mãe ta me chamando
Ô que vida de mulher
Quem toca pandeiro é homem
Quem bate palme é mulher

Lá no ceu tem três estrelas
Todas três em carrerinha
Uma é minha, outra é sua
A outra vai ficar sozinha...camará

Iê, viva meu Deus...
Iê, viva meu Deus...camará
Iê, viva meu Mestre...
Iê, viva meu Mestre...camará
...

Corrido

Como o próprio nome já sugere, corrido é uma cantiga que "acelera" o ritmo e que se caracteriza pela junção do verso do cantador com as frases do refrão repetido pelo coro total ou parcialmente, dependendo do tempo que o cantador dá entre os versos que canta. O cantador faz versos curtos e simples que são à toda hora repetidos e o conjunto deles é usado como refrão pelo côro. O texto cantado pode ser retirado de uma quadra, de uma ladainha ou de uma chula ou ainda de cenas da vida cotidiana, de um passado histórico ou simplesmente da imaginação do cantador. Geralmente, o ocorrido é cantado nos toques de São Bento Grande, Cavalaria, Amazonas, São Bento Pequeno, sempre em toques mais acelerados. No canto corrido, o cantador não tem a preocupação de contar nenhuma história, as frases são ditas aleatoriamente, falando de assuntos diversos, e a participação do coro é imediata e necessária desde o seu início. Durante a roda, os capoeiristas, que ficam de pé formando a roda, acompanham a cantoria com palmas.
Exemplo:

Oi, São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai
São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai
São Bento me chama
Ai, Ai, Ai, Ai ...
Ai, ai, ai, ai doutor
Velejando no mar, eu vou, eu vou!
Ai, ai, ai, ai doutor
Velejando no mar, eu vou, eu vou!
Ai, ai, ai, ai doutor ...

Quadra

A quadra é uma estrofe curta de apenas quatro versos simples, cujo conteúdo pode variar de acordo com a criatividade do compositor que pode fazer brincadeiras com sotaque ou comportamento de algum companheiro de jogo, pode fazer advertências, falar de lendas, fatos históricos ou figuras importantes da capoeira. Normalmente as quadras terminam com uma chamada ao côro que pode ser: camaradinha, camará, volta do mundo, aruandê, Iêê...Êêê...dentre muitas.
Exemplo:

Bimba parou essa roda
Bimba parou outra vez
Bate essa palma moleque
Que a palma de Bimba é um dois três.

Olha a palma de Bimba...
É um dois três.
Olha a palma de Bimba...
É um dois três.

domingo, 22 de agosto de 2010